A pacata e charmosa Dona Inês, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes dá seus primeiros ‘passos’ para se firmar como opção turística na região do Curimataú paraibano. A cidade está a 480 metros acima do nível do mar, chegando em determinados pontos a 520 metros. Fica distante 160 km de João Pessoa e tem como vizinhas Bananeiras e Araruna. Possui belas paisagens (montanhas e serras), trilhas ecológicas pela Mata e na zona rural, uma pedreira centenária no perímetro urbano, culinária regional diferenciada e agitação cultural. Para possibilitar a divulgação desse potencial turístico e incentivar a participação ativa da população, atrair novos empreendedores e gerar emprego e renda, a prefeitura buscou apoio estratégico do Sebrae-PB, que por intermédio de técnicos e consultores, orientou na capacitação de novos empreendedores e no mapeamento na implementação de logística das potencialidades turísticas. O resultado prático e serve como bússola foi o Plano Municipal de Turismo da Serra de Dona Inês.
Os resultados começam a aparecer. Logo na entrada da cidade, na área urbana, está o Cartão Postal de Dona Inês. Onde havia apenas um terreno baldio foi construído o Espaço da Memória. Aberto todos os dias, estudantes e turistas podem conhecer e sentir como opera uma Casa da Farinha, a Casa do Sisal, tocar peças em de artesanatos, ver e observar antigas fotografias; há uma pequena biblioteca, um auditório e uma réplica perfeita de um casebre de massapê e espécies da flora da região. De acordo com o idealizador do Espaço da Memória, e um entusiasta em transformar Dona Inês num Pólo Turístico, o poeta, cordelista e presidente do Conselho Municipal de Cultura Mariano Ferreira revela que o local é muito visitado por antigos moradores da cidade, além de turistas. “São pessoas que nasceram e viveram a infância em Dona Inês. Por alguma razão foram embora e quando visitam o Espaço da Memória ficam emocionadas. Muitas viveram em casebres como este que temos aqui. Por outro lado, os jovens estudantes visitam com a intenção de conhecer e vivenciar experiências que ouviram em relatos de seus pais ou parentes”, disse. Como a cidade nasceu a partir de um vilarejo, ao se fazer um tour pelas principais avenidas é possível ver velhos casarões e a simplicidade da igreja-mãe de Nossa Senhora da Conceição, que foi construída em 1852. A sua frente fica um cruzeiro que demarca a cidade antiga da nova e movimentada Dona Inês.
Na outra vertente das propostas inovadoras e ambiciosas dos empreendedores da cidade, a prefeitura formatou quatro roteiros turísticos: o das Pedras, do Curimataú, da Mata do Seró e o da Caatinga. Cada um deles tem uma particularidade, um diferencial. O secretário de Cultura e Turismo, Josenildo Fernandes da Silva, explica que os roteiros foram formatados a partir da experiência e conhecimento de guias de turismo e condutores locais. Ele conta que todos contribuem para implementar os roteiros e gerar interesse dos turistas. “Estamos todos envolvidos no projeto. Os condutores ajudam a colocar as placas de sinalização, a descobrir novas trilhas. Os empreendedores que antes possuíam bares, restaurantes e ou pousadas se inscreveram nos cursos de capacitações do Sebrae-PB. Sabemos que é uma longa caminhada para transformar Dona Inês em um pólo turístico autossuficiente e rentável. Leva tempo, mas as pessoas entenderam que era preciso dar o primeiro passo em direção a uma profissionalização dos serviços”, revelou.
Pedreira, trabalho medieval e grafite – Além dos novos roteiros criados e oferecidos aos turistas, Dona Inês tem dentro do seu perímetro urbano uma velha pedreira que lembra Serra Pelada, que existiu na região norte do Brasil entre 1980 a 1983. São famílias que sobrevivem da extração de granito. Se em décadas passadas a cidade viveu ciclos econômicos a partir da produção, beneficiamento e comercialização do Sisal e da farinha, atualmente o principal gerador de empregos é a extração e venda granitos e seus derivados. O secretário de Cultura e Turismo, Josenildo Fernandes, relata que a extração de granito faz parte da rotina da cidade, envolvendo mais de 400 famílias. Ele conta que várias administrações municipais tentaram, de alguma forma, melhorar as condições de trabalho na pedreira, mas que sempre encontraram oposição dos próprios trabalhadores. Para registrar a importância da pedreira na história da cidade, um grafiteiro pintou imagens que contam como surgiram os primeiros moradores de Dona Inês. “Ao pintarmos o bloco de granito mais elevado da pedreira, o fizemos para mostrar como a extração gerou um fosso com centenas de metros de profundidade. Nesse imenso bloco nós contamos nossa história a partir dos relatos orais dos mais velhos”, relatou.
Quatro roteiros, vivências na Natureza – Quem visitar Dona Inês vai ter experiências únicas. Se optar por começar pelo roteiro da Mata do Seró no período da manhã não vai se arrepender. Os condutores locais nos levam por trilhas no meio da mata e depois de uma hora de caminhada, chega-se numa clareira que serve para um piquenique. O detalhe são as mesas e cadeiras talhadas em pedra. Pelo roteiro visita-se ainda a Furna da Onça, Lajedo das Macambiras e o da Serra. Encerra-se o passeio com almoço no restaurante da Mata. O segundo roteiro sugerido é o das Pedras, uma verdadeira prova de resistência física. Estão previstos banhos na cachoeira do Letreiro, visita a Pedra do Bico e ao Lagedo Preto. Neste último é uma experiência única: devido a ação contínua do vento e da chuva ao longo de milhões de anos as pedras se desgastaram e acumularam água da chuva, formando tanques. O gran finale desse roteiro é fazer um rapel na Pedra Lavrada. O terceiro roteiro é o do Curimataú, em que o turista vai conhecer cânions, tomar banho no poço do Caboclo e nos ofurôs naturais. Ao longo da trilha é possível encontrar pinturas rupestres e fazer rapel na Pedra do Batente. Há ainda o roteiro da Caatinga que dá destaque as belezas naturais e ao clima de aventura. O encerramento é um almoço no Bar da Célia, uma das empreendedoras contempladas pelas capacitações do Sebrae-PB. Os pratos regionais são o diferencial numa paisagem de tirar o fôlego.
Artesanato Quilombola e por do Sol – Além dos três roteiros formatados e sugeridos, no período da tarde são ocorrem visitas a Comunidade Quilombola Cruz da Menina e ao anfiteatro onde está o Cruzeiro que dá direito a assistir um por do Sol deslumbrante. Além da paisagem bucólica há um artesão local que vem ganhando destaque nas galerias de arte de João Pessoa e do Brasil. Sérgio Teófilo é um artista autodidata que se descobriu depois de fazer um curso de cerâmica oferecido pela prefeitura. Suas peças mais valorizadas são em madeira, em especial a umburama, que retratam aves, peixes e personagens religiosos. Ele conta que utiliza apenas peças básicas como uma faca e uma lixa.
Fonte: Assessoria de Imprensa PBTUR